Uma douradense vai estar entre os representantes do Brasil na 76º edição anual do Festival de Cinema de Cannes, que acontecerá de 16 a 27 de maio de 2023 em Cannes, na França. Trata-se de Onna Silva, atriz e modelo transexual conhecida por seu trabalho em várias produções audiovisuais, incluindo séries, filmes e publicidade. Além de sua carreira na mídia, Onna também é apresentadora do podvideocast “Café com Aroma de Travesti”, que tem como temática a inclusão e a igualdade para as pessoas trans e negras.
A carreira de Onna, como já registrou O Progresso em reportagem anterior, começou em 2016, quando, trabalhando de empregada doméstica, foi "descoberta" pelo diretor Thiago Rotta, um dos expoentes do cinema em Dourados, que a incluiu no elenco do filme "Natasha". Em 2017 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde atuou no longa metragem “Medida Provisória“ dirigido por Lázaro Ramos, deu vida a Nara Leão no filme musical “Chega de Saudade”, fêz parte do elenco da série As Five do globo play e hero de campanhas nacionais como Spotify Brasil, Avon, Salonline e appdaki.Recentemente foi apresentadora de premiações nacionais de cinema e publicidade como o Prêmio ABC e Troféu Garra da APP Brasil.
A ida ao maior festival da indústria cinematográfica será por conta da sua participação no filme "Levante", história que se a às vésperas de um importante campeonato de vôlei, no qual a promissora jogadora Sofia (Domenica Dias) enfrenta uma gravidez indesejada. Buscando uma rescisão ilegal, ela se torna alvo de um grupo fundamentalista determinado a detê-la a qualquer custo. O futuro da garota, que enfrenta a proibição do aborto no Brasil, está nas mãos de todos, porém, ela recebe ajuda de alguém inesperado. Onna interpreta Nicolle, que é amiga de Sofia e capitã do time de volei do grupo.
“Levante“, longa dirigido pela brasileira Lillah Halla, foi selecionado para a 62ª Semana da Crítica, festival de cinema paralelo a Cannes. Os filmes foram selecionados pelo Sindicato Francês dos Críticos de Cinema, sendo sete títulos de competição e quatro exibições especiais. "Levante" está na categoria competição, que inclui os filmes Il pleut dans la maison, de Paloma Sermon-Daï (Bélgica/França), Inshallah Walad, de Amjad Al Rasheed (Jordânia/França/Arábia Saudita/Qatar), am, de Jason Yu (Coreia do Sul), Le Ravissement, de Iris Kaltenbäck (França),Lost Country, de Vladimir Perišić (França/Sérvia/Croácia/Luxemburgo),TigerStripes,AmandaNell(Malásia/Taiwan/Singapura/França/Alemanha/Holanda/Indonésia/Qatar).
Aos 25 anos, a seleção de "Levante" para o Festival é mais um o na carreira de Onna, que desde que deixou o Jardim Flórida, bairro onde residia em Dourados, para ir em busca de seus sonhos, vem colhendo gradativamente os frutos da sua dedicação: é uma figura importante na cena eletrônica de São Paulo como ativista na luta pelos direitos das pessoas trans e é um ícone da comunidade LGBTQ+ no Brasil.
Sobre o momento da vida e da carreira, a atriz e modelo se diz "agraciada pelo universo". "Eu me sinto muito extremamente agraciada pelo universo em poder viver essa experiência e representar o cinema brasileiro junto ao elenco em Cannes, após 6 anos de trabalho constante na moda e no audiovisual. Dádivas como essa me inspiram e impulsionam a querer cada vez mais trabalhar fazendo arte", afirmou a atriz ao finalizar a entrevista.