Estevão Petrallas, presidente interino da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), foi eleito definitivamente ao cargo em uma eleição cercada por denúncias de manipulação de votos. O pleito ocorreu em 8 de abril, e sua vitória sobre André Baird, presidente do Costa Rica Futebol Clube, está sob suspeita devido à inclusão de clubes amadores que nunca participaram anteriormente das eleições.
Segundo apuração jornalística, Petrallas teria obtido votos decisivos após a criação de novos clubes amadores com direito a voto. Esses votos têm peso 1, o que contribuiu significativamente para sua vantagem final. O estatuto da Federação determina que os clubes filiados devem estar em situação regular por pelo menos 60 dias antes da eleição. Porém, a lista oficial de votantes foi divulgada apenas uma semana antes da votação, dificultando uma verificação criteriosa pela comissão eleitoral.
A assembleia extraordinária, realizada em novembro de 2023, havia estabelecido que a eleição ocorreria após o término do Campeonato Estadual de 2024. Inicialmente, o colégio eleitoral contava com 37 votos distribuídos entre clubes das séries A (peso 3), B (peso 2) e amadores (peso 1). Após novembro, novos clubes amadores surgiram, como Instituto Bola de Ouro, Clube Atlético de MS, Associação Atlética Pelezinho, Redenção Futebol Clube e Associação Desportiva Clube Atlético Santista.
Essas novas filiações deram a Petrallas ampla vantagem no segmento amador, onde conquistou 18 votos (peso 18), contra apenas 5 de Baird. Já nas séries profissionais, Baird liderou na Série A com peso 18 contra 12 de Petrallas, enquanto na Série B Petrallas ficou à frente com peso 18 contra 16 do adversário. O resultado final foi de 48 pontos para Petrallas e 39 para Baird, com diferença decisiva justamente no segmento amador.
Dirigentes de clubes tradicionais, como Taveirópolis (Campo Grande), Misto (Três Lagoas) e 7 de Setembro (Dourados), ficaram fora do pleito devido a dificuldades para regularizar pendências financeiras. Em contrapartida, novos clubes amadores tiveram aprovação rápida e inesperada.
"Criaram votos fantasmas para inflar a base de apoio", declarou anonimamente um dirigente da Série A. Ex-diretores e críticos apontam que essa manobra reflete um padrão na FFMS, usando o futebol amador como ferramenta de manobra política devido ao menor custo e burocracia.
Giovanni Marques, presidente do Operário de Caarapó, criticou duramente o processo eleitoral: "É inaceitável que o futebol sul-mato-grossense ainda seja refém dessas manobras. Espero que o novo presidente corrija esses desvios e priorize quem realmente está no campo".
Já João Luiz Ribeiro, o Kiko, presidente do Corumbaense, demonstrou desânimo com a situação: "Infelizmente, parece que a FFMS mantém o mesmo roteiro: muita politicagem e pouco futebol. Espero que o novo presidente surpreenda positivamente, priorizando os clubes que mantêm o estadual vivo".
O ex-presidente Francisco Cezário, afastado após operação do Gaeco em 2023, ainda tenta judicialmente reverter seu afastamento. Caso tenha sucesso, a situação eleitoral da FFMS pode sofrer novas mudanças.
A reportagem tentou contato com a FFMS, mas até o momento não obteve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.